A Copa é para quem pode

Por Hygor Ferreira

A Copa do Mundo do Brasil, que deveria ser dos brasileiros que pagam seus impostos, na verdade, vai ser dos ricos empresários e estrangeiros que possuem uma condição financeira favorável. Boa parte dos brasileiros levantam cedo, pegam ônibus lotado para ir ao trabalho, estão sendo excluídos da Copa em seu próprio país. Por conta dos altos preços dos ingressos que são cobrados, o acesso dos verdadeiros torcedores aos estádios está inviabilizado.

Para o Mundial desse ano, os preços dos ingressos variam de 150 reais na primeira fase até 1.980 reais na final da Copa. Com esses valores a maioria dos trabalhadores brasileiros não têm condições de frequentar os jogos. Lembro que o salário-mínimo é de R$ 724. Com esse salário, um pai de família tem que alimentar seus filhos, tem que pagar água, luz, aluguel. O que sobraria para a sua diversão que, no caso das camadas mais pobres, tem sido as partidas de futebol? Simplesmente não sobra.

Esses são os valores oferecidos pela FIFA, mas para piorar há os mercados paralelos, que vendem os ingressos ao preço que lhes forem do interesse. Os valores são absurdos. Alguns ingressos chegam a custar mais de 90 mil reais para a final da Copa. Esse valor corresponde para muitos, a vários anos de trabalho. Como gastar um valor desses para uma simples diversão?

A Copa do Brasil não é verdadeiramente para os brasileiros que trabalham de sol a sol para conseguir um mísero salário que mal da para alimentar a sua família. Essa Copa é para aqueles que têm condições de pagar caro por uma simples diversão. O mais perto que a maioria vai chegar do estádio é vendo-o pela televisão. Mesmo com a impressão de estar lá dentro do estádio, a realidade é que vão estar bem excluídos.