Na capital do rock independente brasileiro, nem tudo é música

Goiânia é conhecida por suas bandas de rock independente, mas junto com o som das bandas vem as dificuldades financeiras para manter o projeto

Por Álvaro Castro

O assunto já é considerado manjado. A cidade de Goiânia há aproximadamente 10 anos, deixou de ser vista apenas como a capital do sertanejo nacional, e o rock independente é observado bem de perto pelas principais produtoras brasileiras e até internacionais. É o caso do Boogarins, banda de maior destaque dos últimos anos, na capital.


Se fora de Goiânia o rock local é consagrado, como será que as bandas locais observam a cena local, os festivais, as casas de shows e qual a relação dos músicos com as produtoras que organizam a maioria dos grandes eventos da área. Fósforo Cultural, A Construtora Música e Cultura, Tilt Suburbano, Two beers or not two beers Records, Monstro Discos e Taboo Produções são algumas das produtoras de eventos que frequentemente realizam festivais e shows espalhados por Goiânia, além disso, casas noturnas como Diablo Pub, Metrópolis Retrô e Loop Estúdio também apresentam bandas quase semanalmente.


Apesar da realidade aparentemente efervescente, a maioria das bandas locais lutam para tocarem seus projetos pra frente. Poucos são os casos de bandas que conseguem ensaiar sem ter que bancar dos próprios bolsos os horários em estúdios particulares, por exemplo. Musicalmente, muita coisa acontece, mas a maioria das bandas há mais o prazer de tocar música do que preocupação com a carreira. Bandas como Boogarins, Black Drawing Chalks e Cambriana são exceções. A realidade das outras bandas passam amplamente pelo lucro zero, ou pelo prejuízo que o sonho de ter uma banda proporciona.


Pouco lucro, mas muito som


É mais vantajoso tocar em festivais de grandes produtoras ou em casas noturnas? A grande maioria das respostas partiam de duas perspectivas, o artístico e o lucrativo. Os shows em casas noturnas proporcionam um lucro para as bandas, uma porcentagem da bilheteria vai para o cachê dos integrantes. Nos festivais o público é maior, mais diversificado, porém a grande maioria das bandas tocam sem qualquer ressarcimento. Segundo Guilherme Augusto vocalista e guitarrista em dois grupos goianos, a maioria das bandas acabam por conta das dificuldades financeiras que os integrantes passam para continuar tocando.


Sob essa perspectiva, a aclamada cena rock’n roll de Goiânia ainda vive totalmente independente sem apoio ou profissionalismo. O papel das produtoras acaba sendo o de lançar as bandas em seus eventos e festivais, e o das bandas é de “se virarem”, literalmente, para conseguir despontar. O cenário local tem aparecido com bandas de muita qualidade, mas na força, na vontade de puramente “mandar seu som”.

Fonte: FIC