Agroindústria x Cerrado

O segundo maior bioma do Brasil está ameaçado pela agroindústria. Boa parte do cerrado já foi ocupada pelo homem. O que pode ser feito a partir de agora para evitar a continuidade dessa devastação?

Por Felipe D'Stefani

 

Pequi, Ipê, Buriti, Jatobá e Mangaba são algumas das árvores que compõem o cerrado, considerado o segundo maior bioma do Brasil. Com uma área superior a dois milhões de quilômetros quadrados, o cerrado ocupa mais de 23% do território nacional e está presente em oito estados da região central do país. Concentra seis bacias hidrográficas. Mas toda essa riqueza vem sendo ameaçada pelo avanço da agroindústria.

É que características do cerrado como relevo plano e muitos chapadões são um prato cheio para agropecuaristas. A região é considerada um celeiro agrícola, ideal para plantio de soja e milho e também para a criação de gado. E a consequência desse uso do cerrado pelo homem pode ser vista em números: cerca de 78% da área total do cerrado já foi ocupada pelo homem e apenas 21% permanece intacta. Somente aqui em Goiás, 63% da vegetação natural foi destruída.

Mas essa realidade está mudando. A Secretaria Estadual do Meio Ambiente mantém 21 unidades de conservação. Quem explica é José Leopoldo de Castro, superintendente de unidades de conservação da SEMARH. “Hoje, a Secretaria tem o projeto de dobrar o número de hectares de áreas de proteção integral. Isso porque as áreas de uso sustentável podem desenvolver atividades dentro. A partir do momento em que são criadas áreas de proteção integral, elas ficam simplesmente para conservação e manutenção da biodiversidade, recursos hídricos e belezas cênicas.” explica.

O doutor em geografia e professor da UFG, Egmar Felício, acredita que é possível conciliar desenvolvimento econômico sem devastar tanto o cerrado. “Hoje se tem proposto muito a agroecologia, que pode utilizar as espécies do cerrado, os saberes do cerrado e até as memórias do bioma como componentes que criam sustentação”. O professor cita ainda o exemplo dos povos indígenas. “Esses povos conseguiram construir uma sociedade organizada, fazendo uso dos recursos naturais do cerrado de forma sustentável, sem destruí-lo”.

Para a superintendente de fiscalização da SEMARH, Gabriela de Val Borges, cabe aos municípios ajudar o Estado na vigilância dessas áreas. Ela ainda acredita que de nada adianta a atuação do poder público se a população não fizer a parte dela. “Deveria ser estudada e proposta uma conscientização ambiental por parte de todos nós cidadãos”.

Fonte: Facomb