Horário de verão é reflexo do passado

Professor de geografia da UFG analisa que se fossem feitos investimentos em energia na década de 1980, brasileiros não estariam enfrentando horário de verão hoje em dia.

Por Felipe D'Stefani

O horário de verão começou no dia 16 de outubro e está valendo para as regiões sul, sudeste e centro oeste do brasil. Regiões norte e nordeste ficaram de fora. Muita gente reclama do novo horário, mas não sabe que a medida é reflexo da falta de investimentos em geração de energia elétrica no passado.

O professor de Geografia da UFG, João Batista de Deus, explica. “Desde os anos 1980 não tivemos investimentos necessários na produção de energia. Nossa principal fonte de energia, a hidrelétrica, é muito lenta para ser implantada. É necessário ter licença, observar os impactos ambientais. A própria construção é muito demorada, tornando o processo muito moroso. Não é uma coisa que se resolve do dia para a noite. Se nós tivéssemos investimentos nos governos anteriores, nós não estaríamos passando por essa situação.”

Mas de acordo com João Batista, essa realidade está mudando. “O Brasil agora está fazendo investimentos, tanto da parte da iniciativa privada quanto do governo. As usinas estão sendo planejadas e construídas. O maior problema, no entanto, continua sendo o embate com movimentos ambientalistas.”

O professor ressalta também que chegou a hora do país discutir outras formas de geração de energia. “Existe, por exemplo, a possibilidade da usina atômica. São questões que necessitam ser estudadas e avaliadas: se nós precisamos de energia e necessitamos de investimento para crescer, temos que pensar nessas propostas”

Sobre as dúvidas da validade a respeito do horário de verão, João Batista garante que o horário gera sim economia. “É uma economia razoável”, explica. O professor pondera que o objetivo principal do horário de verão é evitar que as pessoas façam uso da energia elétrica nos horários de pico e sobrecarreguem o sistema, o que pode causar apagões.

“Nessa época do ano, os movimentos da Terra são mais longos. Isso propicia que tenhamos mais tempo de luz solar; permitindo, portanto, que acendamos as luzes mais tarde. Nos horários de pico, quando as pessoas estão voltando do trabalho para a casa, existe um consumo mais intenso. A ideia é que, durante esses horários, a população faça uso da luz solar e diminua a sobrecarga. Quem tomava banho com a luz acesa, por exemplo, pode deixar a lâmpada desligada, aproveitando a luz do Sol.” explica. “Mais importante que a economia, é evitar o risco de apagões.”

A discussão é polêmica e abrangente. E mesmo depois de um certo tempo com o novo horário, a medida ainda divide opiniões. A estudante de jornalismo da Universidade Federal de Goiás, Thamara Fagury, não gosta do horário de verão. Ela aponta o fato de acordar muito cedo como o problema mais latente. “Levanto todos os dias as 6 horas da manhã. Com o horário de verão, acordo em plena madrugada. Está tudo escuro ainda!”, reclama.

O que é incômodo para Thamara, acaba sendo problema de segurança para Icaro Donadel, estudante de Relações Internacionais da PUC. Ele entra no estágio as 7 horas da manhã e, para isso, precisa pegar ônibus as 5h30. “Fico no ponto de ônibus praticamente sozinho, com toda aquela escuridão. Acaba sendo um risco pra gente”, desabafa. Embora muitas pessoas reclamem, há quem goste da medida. “Como escurece mais tarde, é bom que eu posso aproveitar mais o meu dia.” explica a estudante Carolina Umbelino.

Querendo ou não, o horário de verão veio para ficar. Este ano o novo horário vai durar 133 dias e só acaba depois do carnaval. O jeito é se adaptar a ele.

Source: Facomb