Moradores de rua recebem atendimento de saúde
Iniciativa pública leva atendimento às ruas para atender cidadãos antes discriminados
Por: Thamara Fagury e Bárbara Zaiden
As unidades municipais de saúde têm endereço fixo e estão sempre à disposição dos usuários, que sabem onde procurá-las quando necessário. Contudo, há um público específico que encontra dificuldades no atendimento e deixa de buscar ajuda.
Pensando na necessidade de atendimento dos moradores de rua, foi inaugurado o Consultório de rua, em Goiânia, com base na necessidade de movimento por parte das unidades de saúde mental, já que médicos saem às ruas em busca dos pacientes.
Essa dificuldade dos usuários em frequentar as unidades acontece devido a problemas na relação que possuem com os profissionais de saúde. Seja pelo odor, pela sujeira ou simplesmente o aspecto de descuido resultante de uma vida na rua, a aparência choca algumas pessoas não acostumadas.
O Consultório de rua existe com o objetivo de fornecer pequenos cuidados, escutar e orientar esses moradores quanto à diversos assuntos. Cuidados simples como, por exemplo, a distribuição e orientação quanto ao uso de preservativos, encaminhamento para tratamentos dentários ou até mesmo cirurgias ósseas são oferecidos ao público que muitas vezes é esquecido.
Quando há necessidade de encaminhamento, os pacientes são acompanhados pelas equipes dos consultórios de rua durante todo o tratamento, que nesta etapa têm função mediadora na relação entre os usuários e os profissionais de saúde das unidades.
Liberdade e drogas
Essa nova forma de atendimento segue a política de Atendimento em Liberdade adotada pela Secretaria Municipal de Saúde de Goiânia, em que a necessidade de liberdade dos pacientes é tida como prioridade.
A ideia de liberdade é aplicada para todos, de forma igualitária. Segundo a diretora da Divisão de Atenção à Saúde Mental, Heloísa Massanaro, é importante que seja deixada de lado a ação forçada de internar esses indivíduos. Assim, eles passam a ter conhecimento e acesso a seus direitos ao saber da possibilidade de receber um atendimento que respeite suas vontades.
Segundo ela, a necessidade da humanização e do acolhimento dos pacientes por parte dos profissionais da saúde, respeitando suas escolhas e diferenças, são imprescindíveis para que os novos planos de trabalho alcancem o êxito pretendido.
Existem profissionais da área de saúde mental que condenam as práticas e o tipo de tratamento oferecido aos usuários de drogas. A justificativa é que alguns casos de dependência química exigem a internação. Outro problema apontado por profissionais é a demora para conseguir uma vaga em clínicas de dependentes.
Contudo, com a postura e a mudança da mentalidade predominante no tratamento a pacientes sem moradia fixa, tem sido garantido o atendimento que antes era impossibilitado devido às barreiras sociais. “Nesse serviço, nós aceitamos aquele sujeito na condição em que ele está, tratando-o como gente. Nós mostramos o serviço que existe e oferecemos a ele acesso aos seus direitos”, afirma Heloísa.
Fonte: Facomb