Vale a pena protestar?
Ao longo do século XX, as greves foram um dos meios mais eficazes de resistência e luta dos trabalhadores. No século XXI, no entanto, elas ainda fazem sentido?
Por: Luciano Rodrigues Castro e Sarah Marques
Até agora, o ano de 2011 tem sido marcado por muitas greves: servidores nas universidades públicas, correios, bancários, além de outras que não chegaram a proporções nacionais. De alunos a empresários, elas mexem com o cotidiano de toda a população e alteram uma parte significativa de sua rotina, geralmente profissional.
Uma semana após o retorno dos servidores da Universidade Federal de Goiás aos seus postos, outras greves seguem em território nacional, e muitos serviços ainda comprometidos. Nesse contexto, cabe a pergunta: em nossos tempos, elas ainda são um meio eficaz de luta por direitos?
Para o sociólogo Nildo Silva Viana, professor da Universidade Federal de Goiás, e autor de mais de 30 livros sobre os mais variados temas, a greve é um poderoso instrumento de luta dos trabalhadores, na medida em que chama a atenção dos patrões às suas reivindicações. No entanto, sua eficácia varia de acordo com a categoria profissional. Os trabalhadores de tipo fabril, ou produtivos, teriam um poder de pressão bem maior, já que produziriam mais valor, ou seja, o valor resultante da diferença entre o valor produzido pelo trabalho e o salário pago ao trabalhador.
O mesmo não é válido para os trabalhadores do Estado. Em outros setores, do trabalho chamado “improdutivo”, como no setor estatal, “o poder de pressão é menor, pois não atinge o lucro e sim o atendimento ao público”, analisa Viana. Mas nem sempre gera descontentamento com o Estado, por parte da população, e sim com os grevistas. “De qualquer forma, mesmo nesse caso, é uma forma de pressão e que pode ser relativamente bem sucedida se conseguir manter-se por um determinado tempo”, afirma o sociólogo.
As greves seguem em todo o território nacional, dividindo opiniões e dificultando a execução de serviços, transações e a comunicação em território nacional. Resta aguardar pelo desfecho e ver se , ao contrário dos servidores das universidades federais, os grevistas que ainda se mantém firmes em suas reivindicações sairão delas com algumas de suas exigências atendidas.
Fonte: Facomb