Família da faxina

Por traz de um grande local limpo, existe uma grande faxineira. Elas falam sobre a convivência no trabalho e mostram casos inusitados. Garantem que o trabalho é uma diversão

Luiza Guimarães

 

“Eu tenho orgulho do que faço”, foi o que respondeu quando Gislaine Pereira Lima quando questionada sobre o que achava do trabalho de auxiliar de serviços gerais na Faculdade de Comunicação e Biblioteconomia (Facomb) da Universidade Federal de Goiás (UFG).

Junto com Gislaine estavam mais três mulheres que exercem a mesma função, Fabrícia Soares Barbosa, Edileusa Amorim Gomes e Vaudirene de França Brito. A entrevista sobre o trabalho delas e sobre a convivência com os frequentadores da Facomb foi realizada durante o intervalo de trabalho dentro do quartinho de repouso delas.

A maioria trabalha há mais de três anos como auxiliar de serviços gerais na Faculdade. Todas concordam que apesar de terem orgulho do que fazem, poderiam ter estudado mais. “Se tivéssemos estudado, nossa vida poderia ser melhor” opinou Fabrícia que como as outras colegas de trabalho, não chegou ao ensino médio.

 

Convivência

Durante a entrevista, elas falaram do convívio diário com os alunos e funcionários da Faculdade. “A nossa convivência com o pessoal da faculdade é ótima, com exceção de alguns que não reconhecem nosso trabalho”, concordaram todas as faxineiras sobre o assunto. “A maioria nos cumprimentam e mantem o local limpo, mas tem gente que já amanhece de mau-humor, e quase pisam em cima da gente”, ressaltou Gislaine rindo da situação.

Em meio às perguntas , Fabrícia denunciou uma situação inusitada, o fato de alguns frequentadores da Faculdade deixarem preservativos usados dentro das salas de aula. “Acho isso um desrespeito. Eles poderiam ao menos jogar a camisinha fora”. As outras faxineiras que já vivenciaram a mesma situação concordaram, “Ninguém é obrigado a limpar isso... merecemos ter nosso trabalho reconhecido por essas pessoas, afinal, mantemos o local limpo”, disse Gislaine.

A aluna de jornalismo, Nádilla Alves, disse já ter escutado esse tipo de história, mas não imaginava que depois do ato sexual o indivíduo descartasse o preservativo fora do lixo. "Além de ser um lugar considerado inapropriado para esse tipo de coisa, a pessoa ainda tem a falta de educação de jogar a camisinha no chão pra outra pessoa limpar... é um absurdo".

Fabrícia espera que através da reportagem o assunto fique mais conhecido, e que o pessoal se conscientize quanto ao assunto. “ Eu não sabia como falar sobre isso, espero que por meio dessa reportagem o pessoal tome consciência do que acontece”

 

Hora de Trabalhar

A divisão de trabalho das faxineiras é feita em duplas, sendo que uma dupla limpa o primeiro piso e a outra, o segundo piso da Faculdade. O horário de trabalho é das 7 horas da manhã às 6 horas da tarde, com pausa para o almoço.

Edileusa diz que o local de maior dedicação são os banheiros e que essa é uma das maiores exigências da coordenação. "Procuramos, eu e as meninas, manter o banheiro limpo... essa dedicação é muito cobrada pelos coordenadores". A aluna de jornalismo, Jéssica Reges, disse não conhecer as faxineiras, mas admira o trabalho delas de deixar o local limpo, principalmente o banheiro. "Sempre que vou ao banheiro, o local está limpo, e isso é muito bom".

Segundo as faxineiras, as salas de aula são limpas diariamente. “Limpamos tudo todos os dias, mas nem sempre é suficiente”. Fabrícia disse que mesmo com o trabalho de faxina, algumas pessoas jogam lixo no chão. “ Quando entro nas salas para limpá-las sempre encontro lixo no chão”.

 

Alegria de sobra

O trabalho difícil de faxina não tira a alegria do dia a dia das faxineiras da Facomb. Durante a entrevista, brincadeiras eram feitas o tempo todo. "Aqui na faculdade a gente trabalha rindo, se divertindo... nós nos damos muito bem com todos, em geral" disse Fabrícia.

Os alunos notam a alegria das faxineiras mesmo sem conhecê-las. O estudante de jornalismo, Renan Nogueira, diz que apesar de só cumprimentar as faxineiras, sempre as vê muito alegres "elas estão sempre de bom humor, sorridentes". A também estudante de jornalismo, Raquel Lourenço, diz que “ as faxineiras são sociáveis, amigáveis e também prestativas”.

Gislaine diz que a convivência entre ela e as colegas de trabalho tem que sempre permanecer boa, “ Passamos o dia todo aqui, temos que dar certo”. Fabrícia explicou de modo bem simples com o dia se torna tão agradável junto das colegas, "somos uma família".


 

Source: FACOMB