Mercado informal
Por Sara Luiza
O mercado informal é um dos grandes responsáveis pela movimentação comercial, principalmente na área têxtil, em Goiânia. Natalia de Freitas Franco, 18 anos, vivencia esse tipo de comércio desde os 12 anos, trabalhando com a sua família em feiras e galerias do centro da capital. Na entrevista ela conta as vantagens e desvantagens de lidar com esse tipo de trabalho.
Em que lugares da cidade você costuma vender os produtos?
Natalia: Os lugares onde fazemos o comércio são na proximidade da rodoviária do centro de Goiânia onde existe uma série de galerias e se amontoam lojas, principalmente de roupas, e também na Feira Hippie. Esses lugares são a preferência de sacoleiros vindos de outros lugares do Brasil para comprarem produtos mais baratos.
Qual é o produto vendido por sua família? A fabricação é própria?
Natalia: Vendemos enxovais (cama, mesa e banho).A fabricação é própria. O lugar de produção básica, a fábrica, fica no setor Alphaville e a confecção fica instalada na nossa própria casa no setor Campinas.
É um bom negócio? Consegue manter uma renda razoável para a família?
Natalia: É sim um bom negócio, conseguimos pagar todas as contas, incluindo o da fabricação e ainda garantimos um lucro razoável para ser aproveitado como salário.
Você tem vontade de continuar com o negócio ou prefere servir em outra área?
Natalia: Bom, eu faço faculdade de pedagogia, mas acho que vou mesmo continuar com os negócios da família, porque até agora é esse trabalho que me garante o salário, o lucro. E também é algo que eu tenho uma maior satisfação em fazer, não sei se quero deixar isso para dar aula.
Vocês obtêm alguma ajuda governamental, como incentivos fiscais, para manter o negócio ou as leis que são impostas dificultam esse tipo de comércio?
Natalia: O governo apenas dificulta o trabalho já que traz uma série de leis a serem cumpridas, mas que são possíveis apenas para comerciantes formais, que são regulamentados. Não somos ilegais, mas o nosso comércio se restringe apenas a certos lugares, portanto acho que não é preciso pagar impostos como lojistas, já que nem temos loja fixa.
Expandiram os negócios desde que começaram?
Natalia: Sim. Quando começamos eu tinha 12 anos e nós trabalhávamos com facção. Depois passamos a vender roupas masculinas e, por ultimo, os enxovais. Mas em todas essas etapas, a fabricação também era nossa.
Como há grande movimentação de dinheiro e pessoas envolvidas nesse tipo de comércio, os riscos de sofrerem prejuízos se tornam maiores?
Natalia: Lógico. Você nunca tem certeza se pode confiar em alguém, principalmente em um lugar que circula muitas pessoas. Existem muitas más intencionadas. Por exemplo, como trabalhamos com o pagamento a prazo, às vezes, vendemos um produto para alguém e depois quando ela tem que pagar, simplesmente some. O nosso maior prejuízo geralmente é por causa disso.
Qual a importância desse tipo de comércio para o crescimento econômico da cidade?
Natalia: Eu acredito que se Goiânia não tivesse essas galerias, nem as feiras, ela também não teria esse tanto de lojas e fábricas que tem. O “povão” é que movimenta a economia, ninguém ia conseguir comprar roupas, calçados, enxovais só em lugares caros. Como existem as feiras, existem as fábricas por trás, que geram mais empregos e que acabam se expandindo, fazendo com que as próprias lojas formais se expandem também. E outra coisa óbvia é que nesse comércio corre muito dinheiro, geralmente de um jeito ou de outro ele vai ajudar a economia crescer.
Nessas feiras e galerias, há algum tipo de risco à saúde já que não há nenhuma regulamentação desses mesmos?
Natalia: Oferecem sim, as galerias são muito fechadas, com pouca ventilação, com as bancas quase todas encostadas umas nas outras. Se acontecer um acidente vai acabar afetando muitas pessoas. Os banheiros também não são limpos e a alimentação quase sempre é precária.
Qual a sua jornada de trabalho?
Natalia: Eu trabalho na confecção durante a tarde, até a quinta-feira. Já na sexta eu começo a ir para as galerias onde fico desde manhã até as 19:00 horas. No domingo vamos para a feira pela parte da manha e ficamos até o almoço.
Se pudesse escolher trabalharia no comércio formal?
Natalia: Acho que não. Nesse informal, geralmente você mesmo que é seu próprio patrão, se não for, geralmente é alguém da sua família. O dinheiro parece que é mais solto, vivo, aparece mais.
Fonte: Facomb