Fôlego para duas bandas
Por Camilla Rocha
A musicista Carolina Pasquali toca bateria nas bandas goianas ¡Oye! e Girlie Hell. A ¡Oye! mistura folk, blues e rock. Faz um estilo mais calmo, bem diferente do que se vê hoje nas bandas do cenário musical goiano. Já a Girlie Hell mostra toda a agressividade feminina, com músicas críticas de letras diretas e inteligentes. Apesar dos estilos diferentes, as duas bandas trilham um caminho promissor nos festivais de música independente de todo país como: Grito Rock, Festival de Rock feminino de Rio Claro (SP), Festival Bananada, Festival Vaca Amarela, entre outros.
Como foi seu caminho musical até chegar à bateria?
Carolina: Eu comecei a fazer música com 4 anos. Eu tocava flauta doce lá em Gurupi, no Tocantins. Até que eu mudei pra Goiânia, continuei tocando flauta doce, comecei a tocar a transversal e entrei em música de câmera e no coral, onde eu tocava percussão. Depois fui me interessando por instrumentos mais populares como violão, guitarra e a bateria. Fiquei estudando os três: flauta, guitarra e bateria, por um bom tempo, mas sempre me identifiquei mais com a bateria.
Tem algum outro instrumento que quer aprender a tocar?
Carolina: Estou começando a tocar gaita, mas ainda não toco muito bem (risos).
Qual das suas bandas faz mais o seu estilo?
Carolina: É difícil responder porque eu gosto muito das duas de maneiras diferentes. A ¡Oye! tem mais o estilo de banda que eu escuto, mas a Girlie Hell me diverte muito. Cada uma é um pouco de mim.
Foi difícil encontrar músicos em Goiânia que tivessem interesse em tocar um som como o da ¡Oye!?
Carolina: Difícil não foi porque a banda foi formada por amigos. Eu e a Sara (vocal e violão) nos conhecíamos desde o colégio e sempre nos completamos musicalmente. Uma escutava o que a outra escutava. Se alguma via algo diferente mostrava pra outra, então a gente já é um casamento de um tempo. A Bullas (guitarra) eu conheci na Girlie Hell. A gente foi conversando e eu percebi que ela sempre tinha três ou quatro bandas paralelas tocando estilos diferentes. Até que a gente se deu conta que as bandas de referência dela eram quase as mesmas minhas e da Sara, então foi meio que “achado sem querer”. E logo depois o Pyero, que já era amigo da Sara, entrou para completar o grupo.
Como foi tocar na Argentina?
Carolina: Foi muito legal. Agente saiu daqui super empolgados de ir tocar fora, mas receosos de não ser bem aceito. A gente foi por um projeto que a Fósforo Cultural está fazendo que é de intercâmbio Brasil-Argentina. E, até então, só bandas de lá tinham vindo pra cá, como: La Cartelera, a Sol Pereyra e Los Cocineros. A ¡Oye! foi a primeira banda do projeto a ir pra lá. Nós tocamos com La Cartelera de novo e foi muito legal, estava muito cheio. As pessoas de lá tem um jeito completamente diferente de curtir a noite, são muito mais noturnos, tudo começa mais tarde que aqui no Brasil. Foi engraçado porque quando subiram no palco pra anunciar a gente, todo mundo fez silêncio, e era um galpão enorme que dava eco. Então sempre tinha muito barulho, mas na hora ficou todo mundo parado olhando realmente prestando atenção. O público participava, cantava com a gente, dançava, foi uma festa.
Foi o único show que vocês fizeram nessa viagem?
Carolina: Não, nós fizemos dois pocket shows em Buenos Aires, só com o vilão e a flauta. E só depois seguimos para Córdoba, onde foi o show maior.
Como é o relacionamento dos integrantes das bandas com todas as viagens e o tempo que vocês têm que passar juntos?
Carolina: Com a ¡Oye! nunca tivemos nenhum problema, até porque como é uma banda formada por amigos próximos é mais tranqüilo. Já a Girlie Hell já foi uma banda criada pela internet, então a gente não tinha vínculo nenhum, o que acabou gerando alguns conflitos e até a saída de uma vocalista.
Você tem planos de deixar uma das bandas pra se dedicar exclusivamente à outra?
Carolina: Por enquanto não. Eu pararia se não estivesse conseguindo cumprir a agenda das duas bandas. Mas apesar do envolvimento com a ¡Oye! ser bem mais pro lado profissional, ainda não surgiu essa necessidade de focar exclusivamente nela, até porque a Girlie é uma banda mais pra divertimento mesmo.
E tem algum projeto novo?
Carolina: Tem um que é mais voltado para a música eletrônica, mas por enquanto não tem nada confirmado. Seria eu e a Bullas com programação musical e tocando instrumentos ao vivo.
Fonte: Facomb