Tatuados e discriminados
Por Arícia Leão
Apesar das várias campanhas contra a discriminação e a favor da inclusão social promovidas pela televisão e pelas rádios, a mídia ainda é a grande disseminadora dos estereótipos e das idéias preconceituosas. Principalmente quando o assunto em questão é a imagem, instrumento de trabalho da TV, o preconceito é maior em relação às pessoas que apresentam algum diferencial no próprio corpo. O tatuador Wilson Junior e a piercer Priscilla Lima sabem bem o que é isso.
Wilson tatua há seis anos e Priscilla faz aplicações há dois. Os dois são namorados e trabalham juntos em seu próprio negócio. “Considero o que faço como uma arte, só que um trabalho como outro qualquer. A gente tem horário, a gente tem rotina, tem ética.” diz Wilson. Embora sejam bem reconhecidos pelo trabalho que fazem, o casal não consegue fugir completamente dos olhares encabulados e até mesmo horrorizados de algumas pessoas.
Preconceito que perturba
Ser discriminado por algum motivo é quase inevitável quando se vive em sociedade. A situação piora quando se trata da imagem, do corpo. “Pra mim, por ser mulher, eu acho que eu sofro mais o preconceito. Eu já não gosto de andar durante o dia mostrando tatuagem.” afirma Priscilla sobre o preconceito que ela enfrenta. As pessoas acabam tendo que se privar de certas coisas para evitar constrangimentos ou confusões.
“Já deixei de fazer algumas coisas porque tem dia que você não esta com paciência pra certas olhadas, tem dia que você não esta com paciência pra responder de forma educada a uma pergunta cretina.” nos contou Wilson. A verdade é que ter um estilo próprio ou diferente do que a atual sociedade impõe como padrão se tornou uma verdadeira luta. E quem não ajuda nada nessa luta é a mídia.
A TV
O que se vê hoje sobre tatuagens e piercings na TV é totalmente fora da realidade. “Você nunca vê a televisão mostrar a tattoo como um negócio massa, ir em uma convenção e mostrar o que é bonito na tatuagem. Eles mostram só o que é bizarro, o que é feio.” diz Priscilla. “A mídia trabalha a tatuagem de duas maneiras: a tatuagem comercial, que é aquela menina da playboy com três estrelinhas, uma pimentinha e aquilo pra sociedade é o certo. E a tatuagem bizarra” completa Wilson.
O que percebemos é que a imagem das pessoas só pode ser mudada de acordo com o que é aceito pela sociedade associado ao conceito de estética. “Olha o que essas mulheres fazem. Muitas retiram costelas, colocam prótese de silicone. Essas coisas são muito mais extremas.” contesta Wilson. E essas mesmas mulheres não são mal vistas ou discriminadas porque este é o conceito de beleza aceito pela sociedade. Quando o conceito não é aceito a discriminação impera e a mídia não perdoa.
Source: Facomb