Artesanato preserva origens goianas

Dona Cecília, 79, cria roupas e tecidos desde o plantio do algodão ao feitio artesanal.

Por Luiz Eduardo Kruger

Fiar e tecer são ações que fazem parte do dia-a-dia incomum de Dona Cecília, 79. Ela prepara o algodão, faz o fio, e tece no tear artesanal. O quintal de sua casa, no centro da cidade de Anápolis, é o lugar onde ela mais gosta de passar seu tempo, trabalhando nos “seus fios e seus panos”.

O ofício aprendido com sua mãe, na cidade natal de Orizona, permanece vivo na vida da senhora, que sempre teve o corte e a costura como profissão e como passatempo. Por muitos anos, foi professora do Círculo Operário de Anápolis, e é membro e co-fundadora da Associação dos Artesões de Anápolis. Ganhou vários prêmios e frequentemente é chamada para eventos e festivais em Anápolis, Goiânia e até mesmo fora do estado.

Técnica

A técnica da fiação e tecelagem artesanais podem parecer mais fáceis do que realmente são, mas requerem bastante experiência e empenho. Antigamente, as moças ainda jovens eram introduzidas ao mundo da tecelagem e da fiação. Começavam fazendo panos e fios mais grosseiros, como arreios de cavalo e sacarias. Em um outro momento, com a técnica mais apurada, passam a fazer vestuários e peças mais finas.

O algodão, quando colhido, precisa ser descaroçado – processo de separação das sementes. Em seguida seguem os processos de limpeza e higienização. Para cardar, etapa seguinte, usa-se um instrumento chamado carda, que deixa o algodão macio e em ponto para fiação. Faz-se o fio na roda, ou no fuso, e os novelos ficam prontos para ir ao tear, onde de acordo com os repasses, ganharão formas e se transformarão em vestimentas ou tecidos.

Arte

Dona Cecília acredita que os trabalhos manuais são uma forma de expressar seus sentimentos. Por isso mesmo critica a industrialização do artesanato. Ela afirma que cada trabalho é uma criação, e não se pode exigir que se produza em série, ou várias peças da mesma forma. Por outro lado, ela diz dar “graças a Deus” pela indústria, por ter facilitado tanto a vida da população.

A senhora de Orizona, já participou de vários eventos Brasil afora. O que ela mais se orgulha foi uma exposição em Goiânia, no centro de convenções, onde teve a oportunidade de desfilar, mostrando uma peça de sua autoria, para mais de 2.000 pessoas. Lá, ela foi aplaudida de pé, inclusive pelo governador Alcides Rodrigues.


 


 

Fonte: Facomb