Brasil, um país protestante?
Por Weverton Dias
Atualmente,podemos observar um grande crescimento no número de cristãos protestantes no Brasil. Recentemente, a Revista Época publicou pesquisas afirmando que 25 % da população brasileira se diz protestante. Segundo a organização protestante de estudos teológicos Sepal (Serviço de Evangelização para a América Latina),estima-se que em 2020 metade da população do Brasil será protestante. O pastor Neydiwan Ferreira da Silva,da Igreja Luz para os povos,fala sobre esse crescimento e as mudanças sociais e políticas que podem advir disso.
Pastor,em sua opinião,quais os fatores que influenciaram o crescimento do seguimento evangélico no Brasil?
Neydiwan Ferreira : Eu acredito que existem vários fatores,entre eles está os exemplos vivos que as pessoas tem tido dentro do segmento evangélico, pessoas que se convertem nas igrejas e que veem a sua vida ser totalmente transformada. Outro fator que influencia esse crescimento é a frustração com as outras religiões,pessoas que estão nestas religiões e que não tiveram acréscimo de nada em sua vida.
Qual a sua posição em relação ao envolvimento dos evangélicos na política?
Neydwan: Acho que é importante porque durante muito tempo o movimento evangélico tratou a política como algo do Diabo e por isso a política durante muito tempo foi conduzida por pessoas que muitas vezes não tem o temor de uma pessoa cristã e que não defendem o evangelho. Hoje vivemos em um país que se diz cristão e por isso é importante que tenhamos representantes desse segmento lá para defender a segunda constituição desse país que é a Bíblia.
Porque a proporção no número de eleitores evangélicos não corresponde ao número de candidatos eleitos?
Neydiwan: Isso acontece porque o povo evangélico ainda não sabe a força que tem. Hoje na cidade de Goiânia,somos de 30 a 35 % e poderíamos ter uma bancada bem mais representativa de vereadores e até mesmo de deputados. E ainda em nível nacional, o número de evangélicos poderia facilmente eleger um presidente da república.
Segundo o Sepal,em 2020,metade da população do País será protestante. Quais mudanças sociais e até mesmo culturais o país irá sofrer caso esse número esteja correto?
Neydiwan: Eu acredito que as mudanças acontecerão principalmente na diminuição da violência,da criminalidade,reduzindo assim o número de presídios. Mas outras mudanças também são possíveis como o aumento das obras sociais, e dos trabalhos de recuperação de pessoas viciadas em drogas.
O senhor acha que esse crescimento pode criar evangélicos não praticantes,assim como acontece com a igreja católica?
Neydiwan: Eu acredito que já existe essa classe de evangélicos. Nós podemos
perceber hoje crentes que vão aos cultos apenas nos domingos e não se preocupam em viver uma vida baseada na Bíblia. Então assim como muitos católicos e espíritas,eu acredito que já existem pessoas que se dizem protestantes e não são praticantes.
O senhor acha que esse crescimento tem a ver com a flexibilidade que as igrejas evangélicos oferecem para seus seguidores?
Neydiwan: Na minha opinião,a igreja evangélica não deveria ser flexível. Deveria ser Sim sim e não não,assim como a bíblia diz. Deveríamos basear a nossa vida na bíblia,o que ela aceita devemos aceitar o que ela reprova deveríamos reprovar.
Uma questão polêmica hoje em dia e que aparece muito na mídia é em relação ao destino do dinheiro doado na igreja. Para onde esse dinheiro vai?
Neydiwan: Eu posso falar da minha igreja.Lá os dízimos e ofertas são investidos na manutenção do prédio. Uma parte também é destinada a missões,nós hoje temos igrejas em vários países do mundo e enquanto elas não conseguem se manter,nós ajudamos. Além disso,o dinheiro também é aplicado em obras sociais como distribuição de cestas básicas.
Qual a sua opinião em relação a preocupação do meio evangélico hoje em comprar veículos de comunicação?
Neydiwan: Eu acho importante ,porque assim como os católicos,espíritas e outros grupos podem ter mídias,nós também temos o direito de usufruir dela. Acho que existem pessoas de todos os estilos,sendo assim,é preciso que ela tenha o direito de assistir aquilo que ela deseja.
O senhor acha que a Rede Record , um meio de comunicação que se denomina cristão,está cumprindo o papel para o qual ela foi criada?
Neydiwan: No inicio sim,hoje não mais. Percebo que a Record hoje se preocupa muito em competir com a Globo e o SBT e se esquece do propósito para o qual ela foi criada.Ela não quer ser uma televisão evangélica e assim acaba não cumprindo o papel dela como uma mídia evangélica.
Source: Facomb